vendredi 24 mai 2013

Desintoxicação

É quando dói profundamente que eu grito
Sobre o papel que é para ninguém me escutar
Escondida num canto, atrás do meu muro
Vomito a alma pra fora até desintoxicar

dimanche 24 mars 2013

Não abra

Nem tente me obrigar a fazer o que não posso.
Sou dominada por quereres que são só meus,
Ambições que não compartilho,
Saudades que escondo e mato.

Você sabe, vez em quando fujo de mim
Muito embora não consiga escapar.
Paraliso com sentimentos íntimos
Que são meus, te nego, mas sinto.

Ignore esta ambiguidade que me contradiz.
Contente-se em ver o lado de fora que estampa minha fachada.
Capa colorida, pintada à mão com giz de cera.
C'est interdit: não abra.



mercredi 20 mars 2013

Grudados


Ele não entende nada que falo,
Mas suporta minhas birrices.
Escuta meus desabafos e causos, calado.
Me faz perceber que se importar demais é tolice.

Ele é aquilo tudo
Tudo isso, um pouco mais
Ele é meu maridão lindo
É meu docim de coco do tipo quero mais!

E em nossa casa é um ‘eu te amo’ pra todo lado:
Bom dia, te amo! Boa noite, te amo!, Olá, te amo!, traz café, te amo!
Ele e eu, casal de papagaio.
Beijo, abraço, dengo, chamego, eita grude danado!

vendredi 15 mars 2013

Mundo difícil, meu rei


É tudo tão difícil neste outro mundo.
Quando quero colo de mãe não tenho.
Se desejo feijão com carne seca, descongelo.
O arroz é 'com pegada'. O amendoim é torrado.
É tão sem graça, é um tédio.

jeudi 14 mars 2013

Saudade doi


Ficar longe da família é dose.
Colo de mãe, amor de pai, brigas de irmãos.
Amendoim cozido, arroz branco escorrido, feijão com carne seca quentinho sobre o fogão.

Gentes


Se é só isso, por que ainda estou aqui?
O que há ai fora que me prende dentro de mim?
Um nada tão irritante que dá ânsia
De vômito, por repúdio, desesperança


Me irrita menos o mundo que suas gentes.
Gente besta, inútil, infame, carente.
Que não se enxerga! Não olha pros lados, incapaz de ver
Esse nada que prende a gente dentro de si.
Preciso de café forte, um gole.
Tenho o direito de enlouquecer.

dimanche 10 mars 2013

Baile de passarinho

Eu já aprendi a voar e por isso não quero asas.
Prendo-me firmemente ao chão para a brisa não me levar.
Da janela vejo passar os meus dias, minhas histórias, minhas graças.
Parece-me mais seguro, sem riscos de me estabacar.

Pois aprendi com os passarinhos
- Saudades do meu doce Pastinho!*
Que às vezes densas paredes brancas
Enganam nossos olhos como se fôssemos crianças.

E no êxtase insano do voo
Não vemos um palmo à frente das mãos.
Alegres, cantando, bailando no ar
Batemos a cara na parede, rodopiamos até encontrar o chão.



* Pastinho é o local onde passei minha infância, na zona rural de Mutuípe-Ba.

Fora!



É quando saio de mim que me vejo inteira.
Cacos, vestígios de arte infame, barroca, moderna, alheia
É que me vendo de fora entendo o que há lá dentro.
Me assusto. Calo. Trêmula, entro
Reclusa em mim e em meus firmamentos
Volto pra calmaria
Mostro o que quero
Sou puro acalento.