jeudi 25 août 2011

Vida nova no Pará

Eu gosto de começar pelo começo, mas adianto que, como costumeiro, o final é a parte mais feliz desta história.

Parafraseando Cássia Eller, quando criança, eu levava uma vida sossegada, gostava de sombra e água fresca. Na adolescência não mudou muita coisa, só fiquei mais chatinha e estressada e amava escrever contos, poemas e estórias. Aos 16 anos, tinha uma dúvida: cursar letras? Aos 17 tomei a decisão: quero ser jornalista. No ano seguinte, comecei a faculdade e um querido professor cujo nome prefiro omitir, no primeiro dia de aula, aconselhou a turma: “queridinhos, se vocês querem ter sucesso na vida e ganhar dinheiro, saiam dessa sala e procurem outra profissão”. Alguns o fizeram, mas eu ainda acreditava na vida e no meu talento, tinha certeza que poderia chegar longe.

Passaram-se quatro anos de faculdade e eu continuava acreditando no meu talento, mas já ponderava se meu professor queridinho tinha razão. Salvador, capital baiana cujo adjetivo mais pertinente me parece ser “cidade provinciana”, é um mundinho muito fechado, desestimulante, com espaço para poucos. Os muitos que se contentassem com nada ou quase nada. Eu não queria “quase nada” e me recusava a aceitar empreguinhos mixurucos. Mais uma decisão: fazer bicos para ir sobrevivendo enquanto estudo para concursos públicos federais.

Comecei a fazer mestrado em Cultura e Sociedade, área para a qual me bandeei durante a graduação. Meu foco de estudo era as políticas públicas para a diversidade cultural do Canadá. Fiz uma seleção de nível internacional e consegui uma bolsa oferecida pelo governo canadense para passar alguns meses estudando na Universidade de Montreal, Quebec.

As coisas começavam a dar certo. E melhoraram. Nem bem terminei de comemorar o resultado da bolsa canadense, fui chamada para mais uma entrevista no Pará, referente a um processo seletivo para integrar a equipe de comunicação regional da Vale que eu vinha fazendo há alguns longos meses. Sinceramente, eu já havia desistido – mil entrevistas por telefone, skype, escritas, presenciais e nenhuma resposta definitiva. Ainda assim, coloquei a mochila nas costas e embarquei. A viagem, que estava prevista para durar dois dias, chegando num dia e voltando no seguinte, acabou se prolongando um pouco. Fiquei na casa dos meus sogros durante alguns longos dias para fazer os exames admissionais. Voltei a Salvador e uma semana depois estava novamente no Pará - tempo suficiente para arrumar a mala e pegar a cuia, me despedir dos meus pais, parentes e alguns amigos, bater asas e voar.

Como eu acreditava, cheguei longe sim, muito longe, aqui em Ourilândia do Norte, há sei lá quantos e quantos km distantes de Salvador. Estou aqui há quase dois meses e tudo vai bem e tende a melhorar. O que vejo à frente? Além das nuvens de poeira, grandes desafios, muito trabalho, bons resultados e oportunidades. Já me sinto adaptada, mas ainda tenho uma carga enorme de informações para absorver - tenho sede.

Claro, não posso deixar de falar das coisas do coração. Apesar de esta oportunidade ter antecipado os planos, desta ou de outra forma eu estava fadada a vir morar no Pará. Eu e meu amorgueco Welson planejávamos nos casar no início de 2012. E dá pra aguentar? Não, senhor. Que chegue outubro!

Vixe, como eu sou feliz!